domingo, 23 de dezembro de 2012

Sentirei novamente a tua ausência.



Serás sempre uma estrela a brilhar por nós.

Faz hoje tempos em que por esta hora estarias vindo ao meu encontro, na realidade, ao nosso encontro. Virias até nossa casa e ficarias. Iríamos celebrar esta época juntos. Ficarias durante duas noites e três dias e levar-me-ias a matar todas as saudades que se acumulavam ao longo do ano. Passaríamos a tarde do dia vinte e quatro a ver filmes, e à noite jantaríamos todos juntos. Tanta gente, não era? Eu, tu, o pai, a mãe, a mana, a avó e o avô maternos, os tios...Casa cheia não era? Muita comida, muita festa, muita alegria, isto é o Natal, não é? Eu ia estar inquieta até à hora do pai natal chegar, até quando estava a morrer de sono afirmava que não ia dormir, e nesse momento, assumo que dormitava no sofá e acordava de repente quando sentia algum barulho estranho. Tu sabes que me levantava frequentemente e caminhava até à cozinha esperando que ele entrasse pela chaminé. Quantas vezes me distraíste enquanto o meu pai colocava os presentes debaixo da árvore? Lembras-te do que te dizia? "Vô, não vi de novo o pai natal.". Lembro-me do teu sorriso, da forma suave como me agarravas e da forma doce como me dizias que continuava a ser uma linda menina e que ele tinha deixado todas as minhas prendas mesmo sem eu estar a dormir, porque tu dizias-me sempre que ele não ia a casa dos meninos acordados. Recordo-me de que íamos juntos à missa no dia vinte e cinco e que pouco antes de anoitecer, eu tinha que te ver partir, sabes como era doloroso? Cada dia dou mais valor a isso. É dia vinte e três de Dezembro de dois mil e doze, e tu não vais chegar, tu já não vais ver filmes comigo e eu já não vou jantar com toda a gente porque eles já nem se falam. Já ninguém me vai distrair para a chegada do pai natal e o mais certo é levar a minha irmã pela mão à missa sem que ela entenda porque é que eu caminho de cabeça baixa. Eu prometo que lhe vou contar todas as minhas memórias como pequenas histórias de encantar, porque certamente ela não se recorda de como isto se passava à bem pouco tempo atrás, então, eu vou-lhe contando como era diferente a minha infância e de como eu tenho tantas saudades dela, e tuas, e até deles, e sobretudo, nossas. Querido pai natal, se eu ainda for a tempo de pedir a minha prenda, e se tu ainda tiveres tempo de a trazer, eu quero que saibas, que é somente este herói que eu preciso de novo na minha vida.