“Não
era preciso combinar, bastava que encaixasse.”
E
acho que me espera mais uma noite no conforto desconfortável dos meus lençóis.
Como se eu já não soubesse disso quando decidi. Como se eu já não conhecesse o
meu coração. A forma como ele se despedaça quando eu decido agir com a cabeça.
De qualquer jeito eu insisto parecer forte enquanto me mergulho num choro profundo
que tu não vês, não sentes e provavelmente nem imaginas. Com a cabeça apoiada
sobre a almofada, já húmida, eu tenho a certeza que sempre que tentar fechar os
olhos tu vais ocupar qualquer segundo de sono, e eu vou chorar de novo, até as
lágrimas secarem, ou até os meus olhos serem capazes de chorar bem fechados. E
passarei os próximos dias, semanas e até mais, quem sabe, a esboçar aqueles
sorrisos tão teatrais e bem representados. Custa tanto, será que o tempo cura?
Eu tenho a certeza que o vazio irá ocupar o teu lugar, mais dia, menos dia, até
quanto terei força para carregar com o mais pesado vazio do mundo? Até que
ponto serei capaz de tirar de mim aquilo que foste construindo? Esta incompatibilidade
que me devora. Todo este meu feitio que não encaixa. Sei lá, eu só acho que
faríamos o conjunto perfeito. E mesmo sabendo que nem de mim sei cuidar,
visualizo-me a cuidar de ti facilmente.
Tu
não imaginas como pedi desesperadamente, todas as noites, para a gente dar
certo… mas chegou um momento em que me cansei de bater à porta de quem não
abre. E não aceito a distância como pretexto, ela é só um teste. E nós, já
reprovámos. Ninguém te quer mais do que eu.