quarta-feira, 6 de março de 2013

Cair, levantar, continuar.





«Pode não parecer...mas magoa.»

     Eu vou prendendo e segurando, eu sei lá, vou fechando os olhos com força para somente chorar quando o chuveiro estiver ligado. Não está ninguém ali, ninguém tem que perceber e talvez por isso eu possa deitar a cabeça na almofada e refletir, ninguém me ouvirá a soluçar. É este sofrer tão doloroso que me faz ter um medo constante de não ser forte o suficiente para segurar as lágrimas perante todos. E na verdade, por vezes não dá.
    Algumas vezes, a dor no peito é tão grande que não é possível conter aquela sensação de nó na garganta que sufoca até cedermos, até as deixarmos escorrer pelo rosto mesmo contra a nossa vontade. E depois é um chorar extraordinário. Agarrada à almofada como se ela aconchegasse o que os outros não aconchegam e chorar. Chorar tanto, mas tanto, que perco as forças e adormeço. Desfrutar do conforto que só encontro naquela altura do dia, o abrigo dos lençóis, tudo aquilo que me tira deste mundo que considero sempre demasiado injusto em todos os meus dramas. No fundo, adormeço porque o meu coração percebe que já foi demais por hoje.