terça-feira, 4 de agosto de 2015

Espera por mim...



"Mas tu não voltas, partiste para outro mundo, deixaste-me aqui bem no fundo. Só peço por mais um segundo...volta só por um segundo."

   Senti-me sufocada demais para te escrever ontem por isso só o faço hoje, espero que me perdoes.
   Recordo as memórias, não te sinto a viver no passado, és parte de mim, és o meu presente. Refiro-me a ti como se cá estivesses, mas é um enorme vazio e uma saudade de ti (...) eram 76 anos não é? 16 do meu lado.
   Ainda sinto os teus abraços, ainda ouço os teus amuos e as frases de conforto "anda cá ao avô, minha menina" (...) lembras-te que me habituaste mal a arrumar os brinquedos porque o fazias por mim? lembraste quando pedíamos os dois para a avó fazer batatas fritas? Quase chorávamos de joelhos... lembraste de passearmos e teres de me levar ao colo porque tinhas um passo enorme? Lembras-te de me levares de mão dada quando ia vestida de anjinho na procissão?
   Sou uma autêntica menina dos avós e é fácil compreender, devo-te a ti e à avó mais de metade do que sou hoje, eram mais que meus pais durante o dia, e tanta vez foram durante a noite quando a mãe e o pai tinham que trabalhar. Tantos beijinhos nos 'dói-dóis', na testa e na cabeça. Tanto mimo e aconchego...nunca falharam.
   Não me faltaste com nada, cuidaste de mim com todo o amor do mundo e agora sinto que nem isso posso retribuir. Perdi-te demasiado cedo para te dizer as vezes suficientes que te amava, agora conscientemente e de forma matura.
   Perco-me nas memórias e nos sonhos, iria oferecer-te chocolates, sei que adoras e íamos comer a caixa juntos. Isso eu tenho a certeza que herdei de ti. 
   Queria-te ao meu lado no dia do meu crisma, queria ter o teu apoio quando fui operada, queria que me visses a acabar o curso, a tirar a carta e a arranjar o primeiro emprego, mas em nenhum desses momentos posso contar com o teu abraço. Contudo, sei que olhas por mim e por nós, e sabes que temos uma saudade incrível de ti.
   Agora sabes que passo algumas tardes junto da tua sepultura, sinto que temos sempre conversas para pôr em dia, e eu sinto-me bem sentada ao teu lado. Não te levo velas nem te faço arranjos de flores, sabes que ambos preferimos umas belas horas de conversa. Estamos juntos no próximo sábado?

Parabéns a você, nesta data querida (...) cantam as nossas almas, para o meu enorme guerreiro, uma salva de palmas." (03.08.1939 - 26.11.2013) 
Uma vez juntos, sempre juntos, prometo. Orgulho de neta.


Até sempre, avôzinho.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa a tua opinião *